sexta-feira, 17 de abril de 2009

1863, 3 de Março - VOZ DA MOCIDADE

1863
3 de Março
VOZ DA MOCIDADE
Nº. 3
Pag. 2
*
A PHOTOGRAPHIA

Hoje que julgamos ter fornecido os breves conhecimentos d'historia a que nos proposemos tratar, vamos começar pela descripção d'alguns instrumentos que entendemos necessarios para o leitor mais facilmente poder comprehender a descripção d'aquelles que actualmente se usam.
Camara escura. Porta, phisico napolitano, observou em 1560 que um feixe luminoso penetrando por um orificio n'uma caixa rectangular perfeitamente tapada, a que se chamou camara escura, pintava com todas as cores naturaes a imagem do objecto, que enviára os raios luminosos. Pouco depois o mesmo phisico collocou no orificio da camara escura uma lente biconvexa, e no foco d'esta um vidro branco translucido, a imagem por este meio obtida era mais distincta. Estas imagens são tanto mais illuminadas quanto a lente é maior, e as suas dimensões augmentão com a distancia que ha da lente ao foco.
Para applicar a câmara escura ao desenho, teem-lhe dado diversas formas afim de a tornar portátil. A figura (1) ([i]) representa uma câmara escura portátil.
Consiste n’uma caixa de madeira rectangular, na qual os raios luminosos (R) penetram atravez uma lente (B) e vão pintar a imagem na parede oposta (O) que deve ter uma distancia da lente, egual ao espaço que d’esta vai ao seu foco. Mas, os raios encontrando um espelho de vidro (M) com a inclinação de 45 graus mudam de direcção, e a imagem vai formar-se sobre um vidro não polido N.
Pondo uma folha de papel sobre este vidro, pode-se obter com rectidão os contornos da imagem
O anteparo (A) serve para interceptar a luz, que esclarecia a imagem, e não se podia ver.
A caixa é formada de duas partes que se movem uma sobre a outra, de maneira que a parte anterior tirando-se mais ou menos, a imagem vai formar-se sobre o vidro translúcido (N) qualquer que seja a distancia do objecto, que se quer desenhar.

(Continua.)
H. S. MAGALHAES
([i]) Nos exemplares de A VOZ DA MOCIDADE a que tive acesso, na Biblioteca Publica Municipal do Porto, não foram encontradas quaisquer figuras.

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